Sobre George Whitefield 2


George Whitefield nasceu em Gloucester, em 16 de dezembro de 1714, tendo como pai um estalajadeiro em uma família pobre, sendo que no ano de 1733 teve a oportunidade de ingressar na Universidade de Oxford.[1] Quando no ano de 1735 teve sua experiência de conversão, entrou no “Clube Santo” formado pelos irmãos Wesley (que só experimentaram o que Whitefield experimentou, a experiência de conversão, no ano de 1738).[2]
            Depois desta experiência de conversão no mês de junho de 1736 foi ordenado como clérigo anglicano, e começou sua carreira de pregador itinerante, e famoso pela demonstração de “poder no púlpito”.[3]
            E.Evans descreve o ambiente de Whitefield no ano de 1739:

Enquanto isso na Inglaterra, em 26 de maio de 1739, George Whitefield pôde relatar um considerável progresso do reavivamento na área de Londres, como também que tinha encontrado “alguns milhares de discípulos secretos, os quais não tinham dobrado os joelhos a Baal.” Por outro lado, ele não havia estado em Oxford muito tempo como estudante quando fora “convidado a participar do excessivo tumulto daqueles que moravam no mesmo quarto.” Então viu  que os que desejavam viver piedosamente  em Cristo Jesus sofrerão perseguição- veja os membros do “Clube Santo” que receberam a eucaristia somente após terem enfrentado “uma multidão ridicularizadora.” O primeiro sermão de Whitefield é caracterizado por sua maneira franca de falar, e é significativo que duas das práticas que ele denunciou eram os divertimentos nada inocentes  praticados pelos professos cristãos, e a crença da regeneração batismal.[4]

            O ministério de Whitefield foi um ministério caracterizado pela decisão de pregar  “em qualquer lugar e em qualquer púlpito que lhe fosse entregue”, porque não se preocupava com uma rigidez denominacional, preocupava-se apenas em pregar o Evangelho de Cristo, a graça perdoadora de Deus.[5] Sua única controvérsia ocorreu com John Wesley, porque Whitefield preferiu assumir uma perspectiva teológica calvinista, inclusive defendendo a doutrina da predestinação, e Wesley por influência da igreja anglicana de sua época (a ala episcopal e contrária a qualquer idéia não conformista) era arminiano. Neste período de controvérsia entre 1740 e 1741 trocaram cartas de conteúdo polêmico, porém depois disto suas relações pessoais foram restabelecidas.[6]
            Whitefield como pregador foi conhecido por sua eloqüência, que Lloyd Jones assim menciona:

Tenho uma autoridade maior ainda para citar. Um dos maiores oradores do século dezoito foi Bolingbroke. Era um homem hábil, culto, um homem do mundo, homem muito sábio e, outra vez alguém que estava interessado na oratória e na elocução. Bolingbroke disse de Whitefield, a quem ouvira muitas vezes, que ele tinha a maior “eloqüência imponente do que qualquer homem que já ouvira”. Ele tinha ouvido todos os maiores oradores políticos e estadistas e outros tipos de orador também. Ele colocou Whitefield no topo da lista, qualificando a sua oratória como a maior “eloqüência imponente” que já ouvira. Em acréscimo a isso tudo, Whitefield tinha uma natureza calorosa e compassivamente expansiva. [7]

            Whitefield se destacou também por ter sido o iniciador da pregação ao ar livre no século XVIII na Inglaterra, antes dos irmãos Charles e John Wesley, mas as circunstâncias de sua época o obrigaram a fazer isto, visto que desde 1738, quando viajou para as Treze Colônias (onde já estava ocorrendo o “Despertamento”), ele já não era visto com bons olhos pelo alto clero da igreja anglicana, sendo considerado como um “fanático”. Como observa J.C.Ryle:

 Whitefield retornou da Geórgia na segunda parte do ano de 1738 (...) Ele cedo descobriu, entretanto, que a sua posição não era mais a mesma de antes de haver viajado para a Geórgia. O grosso do clero não lhe era mais favorável e olhavam-no com suspeitas, como um entusiasta e um fanático. Eles estavam escandalizados principalmente por causa da pregação da doutrina da regeneração ou do novo nascimento, como algo que muitas pessoas batizadas necessitavam grandemente! O número de púlpitos aos quais ele tinha acesso rapidamente diminuiu. Os guardiões da igreja, os quais não tinham olhos para a bebedeira e impureza, ficaram cheios de intensa indignação sobre o que eles chamavam de ‘violação da ordem’.(...) Para abreviar, deste período da sua vida em diante, o campo de utilidade de Whitefield dentro da Igreja da Inglaterra estreitou-se rapidamente de todos os lados.[8]

            Diante desta situação de popularidade entre o povo, e inimizade por parte do alto clero anglicano, Whitefield não desanimou e considerou esta situação de perseguição como ato providencial de Deus, e com isso, a pregação ao ar livre pôde alcançar muitas pessoas nesta época.[9]


[1] WALKER, Williston. História da Igreja (vol. 2), p.206.
[2] LLOYD JONES, D.M. Os puritanos suas origens e seus sucessores, p.119.
[3] WALKER, Williston. Op.cit., p.206.
[4] EVANS, E. Reavivamentos: sua origem, progresso e realizações, p.5.
[5] WALKER, Williston. Op.cit., p.206.
[6] Ibidem, p.212.
[7] LLOYD JONES, D.M. Os puritanos suas origens e seus sucessores, p.128.
[8] RYLE, J. C. George Withefield, Tradução: Paulo R. B. Anglada, [http://www.geocities.com/arpav/biblioteca].
[9] EVANS, E. Reavivamentos: sua origem, progresso e realizações, p.18.

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