O pensamento evangelístico de George Whitefield 1


Segundo Lloyd Jones, Whitefield “não tinha tempo para escrever sermões. Era um pregador extemporâneo”.[1] E ainda quando estava em situações difíceis, recorria à pregação de sermões puritanos.[2] Ainda que alguns tentassem imprimir seus sermões, Whitefield desencorajava quem quer que fosse, devido à quebra de regras gramaticais de sua língua ao escrevê-los, e ele mesmo considerar que a imprensa perde em não poder captar  “os trovões”, “relâmpagos” e o “arco-íris” do sermão.[3]
            Mesmo assim, alguns de seus sermões foram impressos, e a partir deles é possível extrair as doutrinas que ele professava.
            A doutrina da “Queda do Homem, do Pecado e do Seu Castigo”:[4] que Lloyd Jones chama a doutrina do “Pecado Original”[5], que Whitefield enfatizou no sermão The Seed of the Woman, and the Seed of the Serpent, baseado em Gn 3.15; assim Whitefield se expressa:
A mancha pecaminosa do homem é descrita em caráter muito claro para não ser entendida: Esses que negam isto, acabam negando a eles mesmos. Os mesmos pagãos confessaram, e lamentam isto: Eles poderiam ver os fluxos de corrupção que traspassa a raça inteira do gênero humano, mas não puderam localizar a origem desta corrupção.[6]
             A declaração anterior enfatiza que a Escritura mostra de maneira clara o estado do pecador antes da regeneração, que por mais que saiba que algo está errado na vida dele, este não consegue enxergar a raiz de todo o problema de sua existência pecaminosa.
            Ao ensinar esta doutrina, Whitefield concorda com o ensino da Confissão de Westminster, que tem o seguinte ensino:

Sendo eles [os nossos pais- Adão e Eva] o tronco de toda a humanidade, o delito de seu pecado foi imputado a seus filhos; e a mesma sorte em pecado, bem como sua natureza corrompida, foram transmitidas a toda a sua posteridade [a humanidade], que deles procede por geração ordinária.[7]
            Whitefield, por ensinar esta doutrina, era levado a ensinar a solução para o pecador escapar desta situação, o que leva à segunda doutrina.
            A segunda doutrina que ensinou foi: A doutrina da Regeneração, assim como os puritanos ele não se preocupou em fazer uma distinção entre a regeneração e a conversão, visto que na Confissão de Fé de Westminster, que foi um documento elaborado por puritanos, em seu capítulo X sobre a Vocação Eficaz, a regeneração e a conversão estão reunidas.[8]
            Regeneração, segundo Whitefield, é “novo nascimento”, daí ele expressa assim:

A doutrina de nossa regeneração, ou o novo nascimento em Cristo Jesus, é uma das doutrinas mais fundamentais de nossa religião santa; tão claramente e freqüentemente enunciada conforme o escrito sagrado diz " que quem corre pode ler "; sendo a mola mestra pela qual nossa salvação se move, e um ponto também pelo qual todos os cristãos sinceros, de todas denominações concordam; contudo é raramente considerada pelos professores acadêmicos, e tão poucos entendem a necessidade da experiência da regeneração (...) a julgar que deveríamos ser hábeis ao ouvir tanto, se há qualquer coisa como regeneração ou não.[9]


[1]  LLOYD JONES, D.M. Os puritanos suas origens e seus sucessores, p.132.
[2] Ibidem, p.136.
[3] Ibidem, p 132.
[4] A Confissão de Fé de Westminster se expressa da seguinte forma no capítulo VI, que tem como título o enunciado mencionado acima, na seção I: “Nossos primeiros pais, seduzidos pela astúcia e tentação de Satanás, pecaram ao comerem o fruto proibido. Segundo o seu sábio e santo conselho, foi Deus servido permitir este pecado deles, havendo determinado ordena-lo para a sua própria glória.”
[5] LLOYD JONES, D.M. Op.Cit., p.130.
[6] WHITEFIELD, Goerge. Sermão 1: The Seed of the Woman, and the Seed of the Serpent, In: Select Sermons of George Whitefield. Tradução do autor[http://www.reformed.org/documents/whitefield.html].
[7] Confissão de Fé de Westminster, Capítulo VI, Seção III.
[8] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática, p.468.
[9] WHITEFIELD, Goerge. Sermão 49 On Regeneration, In: Select Sermons of George Whitefield. Tradução do autor.[http://www.reformed.org/documents/whitefield.html]

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