Falando de Teologia – Parte 4 (A Inspiração das Escrituras)



            Este é um tema que para mim é muito apaixonante, por se referir a Regra de Fé, ou seja, aquilo que devemos acreditar e confiar acerca de Deus e Suas obras. Por isto, aqui mostro-me dependente antes de tudo de Deus, e depois de Charles Hodge, para expressar meus pensamentos sobre o assunto.

            Diz Hodge: “A infalibilidade e a autoridade divina das Escrituras se devem ao fato de serem a Palavra de Deus; e elas são a Palavra de Deus em virtude terem sido dadas pela inspiração do Espírito Santo.” (Teologia Sistemática, 2001, tradução: Valter Graciano Ramos, Hagnos, pág.115) Naturalmente, a partir desta afirmação pode se ver que somadas as ideias de infalibilidade e autoridade resultam na inerrância das Escrituras.

            Prosseguindo, encontramos 5 verdades que pressupõem o fundamento da interpretação e inspiração bíblicas: “1- Que Deus não é o fundamento inconsciente de todas as coisas; nem mera causalidade; mas um Espírito agente autoconsciente, inteligente, voluntário, possuidor de todos os atributos de nossos espíritos, sem limitação e em grau infinito; 2- Que Ele é o criador do mundo, extraterreno, preexistente e independente dele; não sua alma ou princípio vivificante; mas Seu Criador, preservador, e governante; 3- Que, como Espírito, Ele está presente e ativo em toda a parte, preservando e governando todas as suas criaturas e todas as ações delas; 4- Que, embora tanto no mundo externo quanto no mundo da mente, Ele age geralmente de acordo com leis fixas [natureza] e através de causas secundária, é livre para agir, e amiúde age imediatamente, ou sem a intervenção de causas, tal como fez na criação, na regeneração e nos como fez na criação, na regeneração e nos milagres; 5- Que a Bíblia contém uma revelação divina ou supernatural.” (HODGE, 2001, pág.115)

            Estas pressuposições demonstram o caráter e o Ser de Deus, assim, tendo em mente tudo isso, continuo enunciando algumas definições do caráter da inspiração. Primeiro “Inspiração é uma influência supernatural. Ela assim se distingue, por uma lado, da agência providencial de Deus, a qual está em toda a parte e perenemente em operação; e por outro, das operações graciosas do Espírito no coração do Seu povo. Segundo, as Escrituras e os conceitos comuns dos homens é preciso marcante distinção entre os efeitos que se devem à eficiência de Deus operando regularmente através de causas secundárias e aqueles produzidos por sua eficiência imediata sem a intervenção de tais causas (...) A inspiração pertence à última classe.” (HODGE, 2001, pág. 115)

            Pensar na Inspiração das Escrituras também está relacionado à distinção entre ela e a Revelação. Primeiro, “o objetivo da revelação é a comunicação do conhecimento. O objetivo ou desígnio na inspiração é assegurar infalibilidade ao ensino. Por consequência, elas diferem, em segundo lugar, em seus efeitos. O efeito da inspiração era preservá-lo de erro na ministração do ensino.” (HODGE, 2001, pág.116) Portanto, Inspiração é o método de Deus tornar sua mensagem infalível, e a revelação é o conteúdo dessa mensagem. Isso mostra também que a inspiração não eliminou a personalidade dos indivíduos, porque o espírito dos profetas é sujeito aos profetas (1 Co 14:32). Como diz Hodge: “[O espírito dos profetas] não era como uma máquina calculadora que resolve logaritmos com infalível exatidão (...) A igreja jamais sustentou o que tem sido estigmatizado como a teoria mecânica da inspiração. Os escritores sacros não eram máquinas. Sua própria consciência não estava suspensa; nem suas faculdades intelectuais eram substituídas (...) Eram homens, não máquinas; não instrumentos inconscientes, mas sim, mentes vivas, pensantes, voluntários, às quais o Espírito[Santo] usou como seus instrumentos.” (HODGE, 2001, pág. 117)

            Portanto, a doutrina ensinada pelos cristãos evangélicos reformados é a da “Inspiração Plena”, porque a inspiração se estende a todas as partes da Escritura e as palavras das Escrituras.

            Como está em 2 Tm 3:16,17  Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” Considero, que por aqui bastam minhas asseverações sobre o assunto.

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