Evangelização Puritana 2


 
Os sermões e escritos dos puritanos levavam à aplicação prática de seus ensinos: isto significa que os ensinos dos puritanos provinham das Escrituras e estes deveriam ser guardados no coração e vivenciados na prática, e isto envolvia um contínuo auto-exame para que o crente descubra se possui uma fé salvadora ou uma fé temporária.[1] Willian Guthrie fala sobre o crente que experimenta a fé salvadora (ou fé verdadeira), que ultrapassa as dúvidas que possam assaltar o coração do crente:
 
     Um verdadeiro cristão valoriza o Senhor Jesus Cristo acima de tudo mais. (...) O pecado em nossas vidas às vezes pode nos levar a duvidar se somos cristãos ou não. Mas encontramos na Bíblia crentes confiando em Deus- mesmo quando o pecado parecia forte em suas vidas. (...) Portanto, o pecado em nossas vidas não deve levar-nos a duvidar se somos cristãos ou não. Alguns pecados começam com nossa fraqueza humana, e nos dominam inesperadamente, embora não queiramos pecar.[2]
 
            Concluindo, a conversão era o alvo da mensagem puritana,[3] visando a edificação de vidas dentro do chamado de Deus, para uma vida integral em sua presença: tanto para o crente viver uma vida redimida e santa, quanto o exercício de sua profissão dentro da sociedade, já que esta profissão também foi possibilitada por Deus para que o crente a exercesse.[4]
            Digno de nota, em termos de resultados evangelísticos foi a obra realizada por Richard Baxter, que visitava sistematicamente às famílias que pertenciam a sua comunidade em Kidderminster, onde ministrava ensino doutrinário. Mesmo depois de expulso desta comunidade, no ano de 1665, Baxter relatou que nenhum dos membros desta comunidade veio a se desviar.[5] Isto significa que a evangelização puritana teve como alvo resultados duradouros e permanentes nas vidas dos alcançados por este método de edificação e assistência pastoral.
            O pensamento puritano influenciou homens como George Withefield, Jonathan Edwards e David Brainerd, que serão objeto da exposição do capítulo seguinte, porque eles reproduziram integralmente o conteúdo da mensagem evangelística do movimento puritano.




[1] BEEKE, Joel R. Tocha dos Puritanos: Evangelização Bíblica (TPEB), pp..48, 49.
[2] GUTHRIE, Willian. As Raízes de Uma Fé Autêntica, p.43. (Publicado originalmente em 1658).
[3] Como disse Richard Baxter: “ Temos que enfrentar as vontades dos homens e suas paixões sensuais, bem como os seus modos de entender as coisas. Teremos que enfrentar, não uma, mas multidões de paixões violentas e de inimigos contraditórios, toda vez  que sairmos em busca da conversão de um pecador.” BAXTER, Richard. O Pastor Aprovado, p.54.
[4] RYKEN, Leland. Santos no Mundo,, p.31.
 
[5] PACKER, J.I. Entre os Gigantes de Deus., p.45.

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